domingo, 14 de setembro de 2008

NARCISO


NARCISO
Nome mais apropriado ele não poderia ter. Crescera observando a mãe a cozinhar. Curioso, perguntava o nome de cada tempero e para que servia. Foi pegando gosto pela magia de transformar carnes e legumes em pratos saborosos à visão e ao paladar. Ainda jovem já se aventurava no preparo dos alimentos, tornando-os manjares dos deuses. Todos apreciavam os pratos de Narciso. Com o tempo, Narciso tornou-se um mestre da gastronomia.Observar as pessoas saboreando seus pratos, era motivo de orgulho porque sempre recebia elogios. Sabia até que reação provocar nas pessoas com determinados temperos. Assitiu "Como água para chocolate" mais de seis vezes e sentia até uma ponta de inveja daquela mulher que transformava alimentos em sentimentos. Sem falar que "A festa de Babette" era seu filme predileto. Mas eram mulheres. Ele, Narciso, era o homem que provocava as sensações com seus pratos internacionais.
Você, que me lê, talvez me pergunte qual o sentido da primeira frase desta história. É que esse grande mestre da cozinha espelhava-se em seus pratos e jamais saberia viver sem que devorassem a sua própria imagem.