quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Marília de DirceuSoneto 2

Num fértil campo de soberbo Douro,
Dormindo sobre a relva, descansava,
Quando vi que a Fortuna me mostrava
Com alegre semblante o seu tesouro.

De uma parte, um montão de prata e ouro
Com pedras de valor o chão curvava;
Aqui um cetro, ali um trono estava,
Pendiam coroas mil de grama e louro.

- Acabou - diz-me então - a desventura:
De quantos bens te exponho qual te agrada,
Pois benigna os concedo, vai, procura.

Escolhi, acordei, e não vi nada:
Comigo assentei logo que a ventura
Nunca chega a passar de ser sonhada.

Tomás Antônio Gonzaga
Eu ponho esta sanfona, tu, Palemo,
Porás a ovelha branca, e o cajado;
E ambos ao som da flauta magoado
Podemos competir de extremo a extremo.

Principia, pastor; que eu te não temo;
Inda que sejas tão avantajado
No cântico amebeu: para louvado
Escolhamos embora o velho Alcemo.

Que esperas? Toma a flauta, principia;
Eu quero acompanhar te;
os horizontes Já se enchem de prazer, e de alegria:

Parece, que estes prados, e estas fontes
Já sabem, que é o assunto da porfia
Nise, a melhor pastora destes montes.

Cláudio Manuel da Costa
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luis de Camões
Transforma se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
que, como um acidente em seu sujeito,
assi co a alma minha se conforma,

está no pensamento como ideia:
[e] o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.

Luis de Camões

domingo, 1 de novembro de 2009

V ( DONA MARIA)

Quero nestas folhas
Muito documentar
Agora, que ainda respiro,
Agora, que ainda vivo,
O que é meu posso doar.

Meus olhos para o cego
Para que possa enxergar
Que meu coração em outro peito
Continue a palpitar.

Que aproveitem de meu corpo
Tudo que possam aproveitar.
Mas, em troca, um favor
Quero implorar

Eu amo a vida
E quero muito viver.
Mas como não sou imortal
Um dia vou morrer.

Quando esse dia chegar
A minha vontade
Devem respeitar.

Por mim, não levem luto
Em prova de sentimento.
Ninguém precisa ver fora
O que se sente por dentro.

Não chorem por mim
Tenham compreensão.
Sofrem os que fican
Não os que vão.

Não me façam velório
Onde só existe falatório.
Onde sobre tudo se argumenta
E o morto não se respeita.

Quero que lembrem de mim
Sempre a trabalhar.
Não parada, imóvel,
E todos a me olhar.

Não quero mausoléu
Para todos admirar.
Nem uma simples campa,
Onde alguém venha a chorar.

Não quero enterro
Que é a ida sem volta.
Quero que lembrem de mim
Viva, não morta.

Não me enterrem, por favor.
Se tiverem por mim
Um pouquinho e amor.

Só devemos pôr na terra
O que dela possa brotar.
Alimentos para vida
E flores para enfeitar.
O que para terra não serve
Nós devemos queimar.

Minha última vontade
Deve ser respeitada.
Que eu seja cremada
E as cinzas, por alguém, sopradas.
POEMAS DE MINHA MÃE IV ( DONA MARIA)

Queria ser um rochedo
Que o mar vive a banhar
Com sua espuma branca
Sempre a acariciar.

Num vai e vem constante
Que nunca vai terminar.
Deus, força imensa, criou
Toda a Natureza
Que o homem quer exterminar.
A Aurora de Nova York
Chico BuarqueComposição: F. G. Lorca / R. Fagner
A aurora de Nova Iorque temQuatro colunas de lodoE um furacão de pombasQue explode as águas podres.
A aurora de Nova lorque gemeNas vastas escadariasA buscar entre as arestasAngústias indefinidas.
A aurora chega e ninguém em sua boca a recebePorque ali a esperança nem a manhã são possíveis.E as moedas, como enxames,Devoram recém-nascidos.
Os que primeiro se erguem, em seus ossos adivinham:Não haverá paraíso nem amores desfolhados;Só números, leis e o lodoDe tanto esforço baldado.
A barulheira das ruas sepulta a luz na cidadeE as pessoas pelos bairros vão cambaleando insonesComo se houvessem saídoDe um naufrágio de sangue.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O Rei É Rosa Cruz
Jorge Ben Jor
Nena, Nena PendragonNena, Nena PendragonCamelot, Camelot, CamelotCamelot, Camelot, Camelot
Mandou avisar que vai chegar o reiMandou avisar que vai ter festa para o reiQue Deus conserve a sabedoria e a bondade do reiQue Deus salve o rei, vida longa para o reiEu fui convidado para nela tomar parteAgradeço a Deus por essa alegriaEu vou ao castelo com bons pensamentosPois nesse grande curto espaço de tempoEu poderei testemunhar belos acontecimentos
Vou me cuidar e me tratarPensar, refletir, examinar meu dia a diaCom objetividade, amor e confiançaPois o rei e sua corte, podem não gostar
Se eu negligenciarSe eu não me aprimorar
Infeliz daquele que é demasiado fútilInfeliz daquele que chega sempre por últimoNão saberá, não saberáQue no manto sagrado do reiTem uma rosa e uma Cruz
Ô Nena, Nena, Nena PendragonO Rei é Rosa Cruz, o Rei éRosa CruzO Rei é Rosa Cruz,o Rei é Rosa Cruz
Camelot, Camelot, CamelotÔ Nena, Nena, Nena Pendragon
Chove Chuva
Jorge Ben Jor
Chove ChuvaChove sem parar...(2x)
Pois eu vou fazer uma precePrá Deus, nosso SenhorPrá chuva pararDe molhar o meu divino amor...
Que é muito lindoÉ mais que o infinitoÉ puro e beloInocente como a flôr...
Por favor, chuva ruimNão molhe maisO meu amor assim...(2x)
Chove ChuvaChove sem parar...(2x)
Sacundim, sacundémImboró, congáDombim, dombémAgouê, obáSacundim, sacundémImboró, congáDombim, dombémAgouêAgouê, oh! oh! oh! obáAgouê, oh! oh! oh! obáAgouê, oh! oh! oh! obá...

domingo, 25 de outubro de 2009

Caçada
Chico BuarqueComposição: Chico Buarque
Não conheço seu nome ou paradeiroAdivinho seu rastro e cheiroVou armado de dentes e coragemVou morder sua carne selvagem
Varo a noite sem cochilar, aflitoAmanheço imitando o seu gritoMe aproximo rondando a sua tocaE ao me ver você me provoca
Você canta a sua agonia loucaÁgua me borbulha na bocaMinha presa rugindo sua raçaPernas se debatendo e o seu fervor
Hoje é o dia da graça,hoje é o dia da caça e do caçador
Eu me espicho no espaço feito um gatoPra pegar você, bicho do matoSaciar a sua avidez mestiçaQue ao me ver se encolhe e me atiça
E num mesmo impulso me expulsa e abraçaNossas peles grudando de suor
Hoje é o dia da graça,hoje é o dia da caça e do caçador
De tocaia fico a espreitar a feraLogo dou-lhe o bote certeiroJá conheço seu dorso de gazelaCavalo brabo montado em pelo
Dominante, não se desembaraçaOfegante, é dona do seu senhor
Hoje é o dia da graça,hoje é o dia da caça e do caçador
A Cidade Ideal
Chico BuarqueComposição: Enriquez/Bardotti/Chico Buarque
[introdução]Jumento: Àquela altura da estrada já éramos quatro amigos.Queríamos fazer um conjunto, bem.Queríamos ir juntos à cidade, muito bem.Só que, à medida que agente ía caminhando,quando começamos a falar dessa cidade, fui percebendoque os meus amigos tinham umas idéias bem esquisitassobre o que é uma cidade. Umas idéias atrapalhadas,cada ilusão. Negócio de louco...
[música]Cachorro:A cidade ideal dum cachorroTem um poste por metro quadradoNão tem carro, não corro, não morroE também nunca fico apertado
Galinha:A cidade ideal da galinhaTem as ruas cheias de minhocaA barriga fica tão quentinhaQue transforma o milho em pipoca
Crianças:Atenção porque nesta cidadeCorre-se a toda velocidadeE atenção que o negócio está pretoRestaurante assando galeto
Todos:Mas não, mas nãoO sonho é meu e eu sonho queDeve ter alamedas verdesA cidade dos meus amoresE, quem dera, os moradoresE o prefeito e os varredoresFossem somente crianças
Deve ter alamedas verdesA cidade dos meus amoresE, quem dera, os moradoresE o prefeito e os varredoresE os pintores e os vendedoresFossem somente crianças
Gata:A cidade ideal de uma gataÉ um prato de tripa fresquinhaTem sardinha num bonde de lataTem alcatra no final da linha
Jumento:Jumento é velho, velho e sabidoE por isso já está prevenidoA cidade é uma estranha senhoraQue hoje sorri e amanhã te devora
Crianças:Atenção que o jumento é sabidoÉ melhor ficar bem prevenidoE olha, gata, que a tua pelicaVai virar uma bela cuíca
Todos:Mas não, mas nãoO sonho é meu e eu sonho queDeve ter alamedas verdesA cidade dos meus amoresE, quem dera, os moradoresE o prefeito e os varredoresFossem somente crianças
Deve ter alamedas verdesA cidade dos meus amoresE, quem dera, os moradoresE o prefeito e os varredoresE os pintores e os vendedoresAs senhoras e os senhoresE os guardas e os inspetoresFossem somente crianças
A Cidade dos Artistas
Chico BuarqueComposição: Henriquez - Bardotti - Chico Buarque
Na cidadeSer artistaÉ posar sorridenteÉ ver se de repenteSai numa revistaÉ esperar que o orelhãoComplete a ligaçãoConfirmando a excursãoQue te leva ao JapãoCom o teu pianistaE antes queO sol desponteContemplandoO horizonteConceder entrevistasAos outros artistasDebaixo da ponte
Na cidadeSer artistaÉ subir na cadeiraEngolindo a peixeiraÉ empolgar o turistaÉ beber formicidaÉ cuspir labaredaÉ olhar a praça lotandoE o chapéu estufandoDe tanta moedaÉ cair de joelhosÉ dar graças ao céuLá se foi o turistaO dinheiro, a peixeiraA cadeira e o chapéu
Ser artistaNa cidadeÉ comer um fiapoÉ vestir um farrapoÉ ficar à vontadeÉ vagar pela noiteÉ ser um vaga-lumeÉ catar uma guimbaÉ tomar uma pingaÉ pintar um tapumeÉ não ser quase nadaÉ não ter documentoAté que o rapa te pegaTe dobra, te amassaE te joga lá dentro
Você E Você ( Canta Gal Costa)

Diz o iching divino é o saberO que distingue você de vocêVocê dos outros do outro vocêVocê num cantoVive o espantoEnquanto o outro vocêSai pra viver por aíTanto pranto, tanta dorSeu irmão pede o seu amorDiz o iching divino é o saberSão dois no ringueVocê e vocêVocê que ataca pra se defenderQue beija a lona pra poder vencerVocê num cantoApanha tantoEnquanto o outro você bate demaisDeus do céu quanto sangue pelo chãoSeu irmão pede o seu perdão
Teresa (Manuel Bandeira)

A primeira vez que vi Teresa/ Achei que ela tinha pernas estúpidas/ Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo/
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo/
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada/
Os céus se misturaram com a terra/
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
Uma Vela para Dario
Dalton Trevisan
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
Para Maria da Graça - Paulo Mendes Campos
Agora que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no País das Maravilhas. Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti. Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade. A realidade, Maria, é louca. Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: "Fala a verdade Dinah, já comeste um morcego?" Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. "Quem sou eu no mundo?" Essa indagação perplexa é lugar-comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira. A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha!" O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada ou vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.Somos todos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo. Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave. A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon" Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostarias de gato se fosses eu?"Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! mas quem ganhou?" É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre onde quiseres, ganhaste. Disse o ratinho: "A minha história é longa e triste!" Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance só é o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energeticamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!" Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria. Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo" Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente. E escuta a parábola perfeita: Alice tinha diminuido tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom-humor`. Toda a pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões. Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas". Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

POEMAS DE MINHA MÃE ( DONA MARIA) - III

Contemplar a Natureza
É sentir a mão de Deus
estar perto Dele
e ver o que nos deu.

Ver uma cascata
que não para de jorrar
ver o mar, as ondas
num vai e vem constante
sem parar

Ver o dia nascendo,
com a maravilhosa Aurora Boreal,
ver o dia terminando,
com um pôr-do-sol magistral.

Queria ser um pássaro
para poder voar
rios, mares e floresta
do alto contemplar. ( 08/05/1987)
POEMAS DE MINHA MÃE ( DONA MARIA) - II

Orar devemos sim,
com alma e coração
e nunca a Deus pedir
algo com ambição.

A Deus devemos pedir
forças para vencer
tudo conseguiremos
porque querer é poder

Tudo nós vencemos
pois forças Deus nos dá
nunca cruzemos os braços
esperando algo chegar

Um lugarzinho ao Sol
todos querem ter
e podemos consegui-lo
com trabalho e saber

Temos tudo na vida
para poder vencer
não devemos esperar
que nos venham oferecer ( 25/06/1966)
POEMAS DE MINHA MÃE ( DONA MARIA)- I

Rasgando vem a Aurora
da noite seu manto
para nascer um novo dia
a noite deixou seu pranto
nas folhas e na relva fria

São gotas cristalinas
que o Sol vai consumindo
enquanto as flores no campo
vão se abrindo

O Sol a Terra aquece
com todo seu calor
brotando as sementes
dos frutos e da flor

Ao nascer de cada dia
a natureza se renova
com todo seu esplendor
nela estão as mãos de Deus
com todo seu amor.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Hino de Duran
Chico BuarqueComposição: Chico Buarque (1979)
Se tu falas muitas palavras sutisSe gostas de senhas sussurros ardísA lei tem ouvidos pra te delatarNas pedras do teu próprio lar
Se trazes no bolso a contravençãoMuambas, baganas e nem um tostãoA lei te vigia, bandido infelizCom seus olhos de raios X
Se vives nas sombras freqüentas porõesSe tramas assaltos ou revoluçõesA lei te procura amanhã de manhãCom seu faro de dobermam
E se definitivamente a sociedadesó te tem desprezo e horrorE mesmo nas galeras és nocivo,és um estorvo, és um tumorA lei fecha o livro, te pregam na cruzdepois chamam os urubus
Se pensas que burlas as normas penaisInsuflas agitas e gritas demaisA lei logo vai te abraçar infratorcom seus braços de estivador
Se pensas que pensas estás redondamente enganadoE como já disse o Dr Eiras,vem chegando aí, junto com o delegadopra te levar...
A Gente é Tudo Igual
Ultraje a RigorComposição: Roger/Mingau
De todas as mulheres que eu já tiveAcho que só duas ou trêsQue eu não desejei foi que sumissemLogo depois da primeira vezSerá que acontece só comigoAcho que não isso deve ser normalEu já perguntei pros meus amigosE eles me confirmaramHomem é tudo igual!
De todas as mulheres que eu já tiveAcho que só duas ou trêsQue não foram ciscar noutro terreiroNem que fosse só uma vezSerá que acontece só comigoAcho que não isso deve ser normalEu já perguntei pros meus amigosE eles me confirmaramMulher é tudo igual!
De todas as besteiras que eu já disseAcho que só duas ou trêsQue eu preferia não ter ditoE acho que essa é uma das três

sábado, 17 de outubro de 2009

" Brigam Espanha e Holanda, pelos "segredos" do mar. O mar é de quem o sabe navegar(...)" - Leila Diniz
Teresa ( Manuel Bandeira)
A primeira vez que vi TeresaAchei que ela tinha pernas estúpidasAchei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novoAchei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nadaOs céus se misturaram com a terraE o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
"João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem númeroUma noite ele chegou no bar Vinte de NovembroBebeuCantouDançouDepois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado." ( Manuel Bandeira)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Live Like Horses
Elton John
I can't control this flesh and bloodThat's wrapped around my bonesIt moves beneath me like a riverInto the great unknown
I stepped onto the moving stairsBefore I could tie my shoesPried a harp out the fingers of a renegadeWho lived and died the blues
La promessa non fu chiaraS'erra solo impressa in meVidi solo il gelo dentro meQuella notte dise a me
Vivrem come cavalliLiberi dai recinti di ferroChe piu non voglioRinnegare i sensiSu dai fuggiamVivrem come cavalli
We're the victims of the heartbreakThat kept us short of breathTrapped above these bloodless streetsWithout a safety net
I stood in line to join the trialOne more customer of fateClaimed a spoke in the wheel of the wagon trainOn the road to the golden gate
Nel deserto la nave abbandonaiPer me aveva sensoSon stato troppo tempo nella bestiaEd ora saro libero
Someday We'll live like horsesFree reign from your old iron fencesThere's more ways than one to regain your sensesBreak out the stalls and we'll live like horsesSomeday
Liberi dai ricenti di ferroChe piu non voglioRinnegare i sensiSu dai fuggiamVivrem come cavalli
Xica da Silva
Jorge Ben JorComposição: Jorge Ben Jor
Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!...
Xica da, Xica da, Xica daXica da Silva, a Negra!...(2x)
Xica da SilvaA Negra! A Negra!De escrava a amanteMulher!Mulher do fidalgo tratadorJoão FernandesAi! Ai! Ai!...
Xica da, Xica da, Xica daXica da Silva, a Negra!...(2x)
A imperatriz do TijucoA dona de DiamantinaMorava com a sua corteCercada de belas mucamas...
Num casteloNa Chácara, na PalhaDe arquiteturaSólida e requintadaOnde tinha atéUm lago artificalE uma luxuosa galeraQue seu amorJoão Fernandes, o tratadorMandou fazer, só para elaAi! Ai1 Ai!...
Xica da, Xica da, Xica daXica da Silva, a Negra!...(2x)
Muito rica e invejadaTemida e odiadaPois com as suas perucasCada uma de uma cor...
Jóias, roupas exóticasDas Índias, Lisboa e ParisA negra era obrigadaA ser recebidaComo uma grande senhoraDa corteDo Reis Luís!Da corteDo Reis Luís!...
Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!...
Xica da, Xica da, Xica daXica da Silva, a Negra!...(2x)
Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!...
Xica da, Xica da, Xica daXica da Silva...(3x)
O Samba do Crioulo Doido
Quarteto em CYComposição: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)
Foi em DiamantinaOnde nasceu JKQue a princesa LeopoldinaArresolveu se casarMas Chica da SilvaTinha outros pretendentesE obrigou a princesaA se casarCom Tiradentes...
Lá! Iá! Lá Iá! Lá Iá!O bode que deuVou te contar...(2x)
Joaquim JoséQue também éDa Silva XavierQueria ser dono do mundoE se elegeu Pedro IIDas estradas de MinasSeguiu prá São PauloE falou com AnchietaO vigário dos índiosAliou-se a Dom PedroE acabou com a falsetaDa união deles doisFicou resolvida a questãoE foi proclamadaA escravidãoE foi proclamadaA escravidão...
Assim se contaEssa históriaQue é dos doisA maior glóriaA Leopoldina virou tremE Dom PedroÉ uma estação também...
Oh Oh! Oh Oh Oh Oh!O trem tá atrasadoOu já passou...(2x)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Agua Fuego Tierra Y Viento
Mercedes Sosa
Llevo muy adentro cada gota de mi vidaUn amor profundo, luminoso, singular.Te amo con el alma, te amo sin medida,Te amo solamente como nadie supo amar.
Pero no estoy sola, este amor que nos protegeViene acompañado como río rumbo al mar,Trae enamorado agua, sol y pecesY refleja un cielo donde vamos a volar.
Cuando yo te abrazo no te abrazo sola,Te abraza conmigo una eternidad,Te abrazan los valles, las montañas y los vientos,Las flores del campo y el olor del pan.
Cuando yo te beso, no te beso sola,Azúcar te traigo del cañaveral.Soy como la tierra para darte fruto,Soy de miel morena para amarte más.
"esto sentimos por ustedes,Nuestro continente amado latinoamericano"
O AMOR ACABA ( Paulo Mendes Campos)

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Corrente
Chico BuarqueComposição: Chico Buarque
Eu hoje fiz um samba bem pra frenteDizendo realmente o que é que eu acho
Eu acho que o meu samba é uma correnteE coerentemente assino embaixo
Hoje é preciso refletir um poucoE ver que o samba está tomando jeito
Só mesmo embriagado ou muito loucoPra contestar e pra botar defeito
Precisa ser muito sincero e claroPra confessar que andei sambando errado
Talvez precise até tomar na caraPra ver que o samba está bem melhorado
Tem mas é que ser bem cara de tachoNão ver a multidão sambar contente
Isso me deixa triste e cabisbaixoPor isso eu fiz um samba bem pra frente
Dizendo realmente o que é que eu achoEu acho que o meu samba é uma corrente
E coerentemente assino embaixoHoje é preciso refletir um pouco
E ver que o samba está tomando jeitoSó mesmo embriagado ou muito louco
Pra contestar e pra botar defeitoPrecisa ser muito sincero e claro
Pra confessar que andei sambando erradoTalvez precise até tomar na cara
Pra ver que o samba está bem melhoradoTem mais é que ser bem cara de tacho
Não ver a multidão sambar contenteIsso me deixa triste e cabisbaixo
Por isso eu fiz um samba bem pra frenteDizendo realmente o que é que eu acho
Smoke Gets In Your Eyes
Nat King Cole
They ask me how I knewMy true love was trueI ofcourse replySomething insideCannot be denied
They said some day you'll findAll who love are blindWhen your heart's on fireYou must realiseSmoke gets in your eyes
So I chaffed themAnd I gayly laughedTo think they could doubtTo think they could doubt my love
But todayMy love has flown awayI am without my love
Now laughing friends derideTears I cannot hideSo I smile and sayWhen a lovely flame diesSmoke gets in your eyes
But today my love has flown awayI am withoutI'm without my love
And now laughing friends derideTears I cannot hideSo I smile and sayWhen a lovely flame diesSmoke gets in your eyes

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Tropicália (Caetano Veloso)
Sobre a cabeça os aviõesSob os meus pés, os caminhõesAponta contra os chapadões, meu narizEu organizo o movimentoEu oriento o carnavalEu inauguro o monumentoNo planalto central do paísViva a bossa, sa, saViva a palhoça, ça, ça, ça, çaO monumento é de papel crepom e prataOs olhos verdes da mulataA cabeleira esconde atrás da verde mataO luar do sertãoO monumento não tem portaA entrada é uma rua antiga,Estreita e tortaE no joelho uma criança sorridente, Feia e morta,Estende a mãoViva a mata, ta, taViva a mulata, ta, ta, ta, taNo pátio interno há uma piscinaCom água azul de AmaralinaCoqueiro, brisa e fala nordestinaE faróisNa mão direita tem uma roseiraAutenticando eterna primaveraE no jardim os urubus passeiamA tarde inteira entre os girassóisViva Maria, ia, iaViva a Bahia, ia, ia, ia, iaNo pulso esquerdo o bang-bangEm suas veias corre muito pouco sangueMas seu coraçãoBalança a um samba de tamborimEmite acordes dissonantesPelos cinco mil alto-falantesSenhoras e senhoresEle pões os olhos grandes sobre mimViva Iracema, ma, maViva Ipanema, ma, ma, ma, maDomingo é o fino-da-bossaSegunda-feira está na fossaTerça-feira vai à roçaPorém, o monumentoÉ bem modernoNão disse nada do modeloDo meu ternoQue tudo mais vá pro inferno, meu bemQue tudo mais vá pro inferno, meu bemViva a banda, da, daCarmen Miranda, da, da, da da, da da da
A Taste Of Honey ( interpretação de Beatles)
The BeatlesComposição: Marlow, Scott
A taste of honeyTasting much sweeterThan wine.
I dream of yourFirst kiss and thenI feel uponMy lips again
A taste of honeyTasting much sweeterThan wine.
Oh, I will return.Yes, I will return.I'll come backFor the honey and you.
Yours was the kissThat awoke my heart.There lingers still,Though we're far apart,
That taste of honeyTasting much sweeterThan wine.
I will return.Yes, I will return.I'll come back(he'll come back)For the honey(for the honey)And you.
Adiós Que Se Va Segundo
Violeta ParraComposição: Violeta Parra
(cueca)
(ay, ay, ay)adiós que se va segundo(ay, ay, ay)en un buque navegando,(ay, ay, ay)las niñas que lo querían(ay, ay, ay)casi se han muerto llorando.
Déjenlo que se vaya,(ay, ay, ay)no lo sujeten,Déjenlo que navegue,(ay, ay, ay)cinco o seis meses.
Cinco o seis meses, sí,(ay, ay, ay)yo le escribiera,Pá decirle a segundo(ay, ay, ay)que se volviera.
Cierto yo le escribiera(ay, ay, ay)que se volviera.
Amigos Tiengos Por Cientos
Violeta ParraComposição: Violeta Parra
Amigos tiengos por cientos,para toda mi delicia,yo no digo si malicia,con verdadero contento,yo soy amiga del viento,que rige por las alturas.Amiga de las honduras,con vueltas y torbellinos,amiga del aire fino,con toda su travesura.
Yo soy amiga del fuego,del astro más relumbrante,porque en el cielo arrogante,camina como su dueño,amiga soy del ruiseñor,relampago de la lunar.Con toda su donosura,alumbra la mar furiosa,y amiga de la frondosa,oscuridades nocturnas.
Amiga del solitário,lucero de la mañana,y de la brisa temprana,que brilla como rosário,amiga del jardinario,del arco de las alianzas.Amiga soy de confianza,de nubes y nuberrones,también de los arreboles,en toda las circunstancias.
Amiga soy de la lluvia,porque és un arpa cantora,de alambres y de bordonas,que tuntunean con furia,amiga de la centuria,de los espacios tesoros.Y de los huecos sonoros,que guardan los granizales,amiga de los raudales,que entonan su lindo coro.
Amiga de la neblina,que rondan los horizontes,cordillerales y montes,con su presencia tán fina,la nieve por branquecina,poblados y soledades.Bonanzas y tempestades,son mis amigos sinceros,pero mi canto el primero,de toda mis amistades.
Um pouco da poesia de Gabriela Mistral:
Eu não Sinto a Solidão
É a noite desamparo /das montanhas ao oceano./Porém eu, a que te ama,/eu não sinto a solidão./É todo o céu desamparo,/mergulha a lua nas ondas.Porém eu, a que te embala,/eu não sinto a solidão./É o mundo desamparo,/triste a carne em abandono/Porém eu, a que te embala,/eu não sinto a solidão.
Antonio, João e Pedro
Martinho da VilaComposição: Martinho da Vila
À meia hora de Santo AntônioA um quarto da lua cheia surgiuO AntonicoTão bonito o AntonicoUm cigarro apagouUma luz acendeu azulÉ homemÉ o Antonico, é tão bonitoÉ tão bonito o AntonicoÉ tão bonito
É o Pedro, PedrinhoJoão, JoãozinhoO Tonho, ToinhoÉ o AntoninhoTão bonito o AntonicoAnda AntonicoMama AntonicoNão chora AntonicoDorme AntonicoAcorda AntonicoDespertaQue é tão bonito o dia nascendoÉ tão bonito, é tão bonitoO vermelho da tarde lá no céuÉ tão bonitoJangada chegando, lá do marÉ tão bonitoFogueira queimandoÉ tão bonito, é tão bonitoO vermelho da tarde lá no céuÉ tão bonitoJangada chegando, lá do marÉ tão bonitoFogueira queimandoÉ tão bonito, é tão bonitoE a Katia sambandoE tão bonito o AntonicoÉ tão bonitoÉ tão bonitoÉ tão bonito

domingo, 11 de outubro de 2009

Feitiço da Vila
Martinho da VilaComposição: Noel Rosa e Vadico
Quem nasce lá na VilaNem sequer vacilaEm abraçar o sambaQue faz dançar os galhos,Do arvoredo e faz a lua,Nascer mais cedo.
Lá, em Vila Isabel, Quem é bacharelNao tem medo de bamba.Sao Paulo da cafe,Minas da leite,E a Vila Isabel da samba.
A vila tem um feitico sem farofaSem vela e sem vintemQue nos faz bemTendo nome de princesaTransformou o sambaEm um feitiço descenteQue prende a gente
O Sol da Vila é tristeSamba nao assistePorque a gente implora:"Sol, pelo amor de Deus,nao vem agora que as morenasvao logo embora
Eu sei tudo o que façosei por onde passopaixao nao me aniquilaMas, tenho que dizer,modestia a partemeu senhores... Eu sou da Vila!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Advertencia
Gilberto Santa Rosa
Detente corazon.No abras tu puertaAlerta corazonNo permitas que vuelvaAcaso ya olvidasteEl dolor que te causoQue no han cicatrizadoLas herdiras que dejo
Yo que te escuchéPalpitar agonizanteJuré no permitirQue vuelvas a enamorarteY hoy te siento nuevamentePalpitar con emocionPor el mismo sentimientoQue un dia te destruyo
Que te pasa, te conozco corazonTal parece que no aprendes la leccion
Es... el amorEl que un dia te lleva en sus alasY siente que subesTe hace ver que este mundo es perfectoQue estas en las nubesNo permite pensar en fracasoNo deja que dudes
Luego... el amorEs el mismo que corta esas alasY borra ese cieloTe destruye, te hunde en el lodoTe arrastra en el sueloY se marcha pretende que olvidesY empieces de nuevo
Que te pasa te conozco corazonY no quiero que caigasEn la ilusionDe eso que llaman amor
Melodie
Michael Jackson
I woke up yesterdayKnowing that I was lost in the past somewhereI felt my destiny were sad the rainGoing nowhere
There's a sound, must be melodyI got song you enchanted meAnd the sound of your voiceMake my heart keep turnTo the music got to love that filled my mind
Melodie, you're my symphonyAll the song to meYou're my only
Melodie, you're my everythingMake me wanna singFor you onlyOh, oh
The long and winding roadIs much shorter now that you're here with meThe questions in my mindHave an answer now love don't hold meAll the girls have brighten nowAnd the darkness is lighter nowIs my mind I can hearThe band start to playHello tomorrowGoodbye yesterday
Melodie, you're my symphonyAll the song to meYou're my only
Melodie, you're my everythingMake me wanna singFor you only
Beautiful morningOh happy dayAnd you know there's music to my earsEvery word that you say
Melodie, you're my symphonyAll the song to meYou're my only
Melodie, you're my everythingMake me wanna singFor you only
Os Alquimistas Estão Chegando
Jorge Ben JorComposição: Jorge Ben Jor
Oh! Oh! Oh! Oh!Oh! Oh! Oh! Oh!Oh! Oh! Oh! Oh!...
Os AlquimistasEstão chegandoEstão chegandoOs Alquimistas...(2x)
Oh! Oh! Oh! Oh!Oh! Oh! Oh! Oh!Oh! Oh! Oh! Oh!Êh! Êh! Êh! Êh!...
Eles são discretosE silenciososMoram bem longe dos homensEscolhem com carinhoA hora e o tempoDo seu precioso trabalho...
São pacientes, assíduosE perseverantesExecutamSegundo as regras herméticasDesde a trituração, a fixaçãoA destilação e a coagulação...
Trazem consigo, cadinhosVasos de vidroPotes de louçaTodos bem e iluminadosEvitam qualquer relaçãoCom pessoasDe temperamento sórdidoDe temperamento sórdidoDe temperamento sórdidoDe temperamento sórdido...
Êh! Êh! Êh! Êh!Êh! Êh! Êh! Êh!...
Os AlquimistasEstão chegandoEstão chegandoOs Alquimistas...(2x)
Oh! Oh! Oh! Oh!Oh! Oh! Oh! Oh!Oh! Oh! Oh! Oh!Oh! Oh! Oh! Oh!...
Menina Veneno
Ritchie
Meia-noite no meu quarto, ela vai subirouço passos na escada, vejo a porta abrirum abajur cor de carne, um lençol azulcortinas de seda, o seu corpo numenina veneno o mundo é pequeno demais para nós dois em toda cama que eu durmo só dá você (3x)seus olhos verdes no espelho,brilham para mimseu corpo inteiro é um prazerdo princípio ao simsozinho no meu quarto eu acordo sem vocêfico falando pras paredesaté anoitecermenina veneno,você tem um jeito sereno de serem toda noite no meu quartovem me entorpecerme entorpecer (2x)Menina veneno,o mundo é pequeno demaispra nós dois.Em toda cama que eu durmosó dá você (3x)Meia-noite no meu quarto ela vai surgireu ouço passos na escadaeu vejo a porta abrirvocê vem não sei de ondeeu sei, vem me amareu nem sei qual seu nomemas nem preciso chamarmenina venenovocê tem um jeito sereno de ser,em toda noite no meu quartovem me entorpecer me entorpecer (2x)Menina veneno ...
Pelado Com a Mão No Bolso
(Gutemberg Silveira)
Vou te contar uma história engraçada que comigoaconteceunão faz muito tempo não foi bem legalreuni uma galera e chamei umas ?mina bela? de biquínifio dentale percebi que quando entrei na praiao meu calção tava folgado e começou a escorregarveio uma onda traiçoeira e tirou o meu calçãoaí eu vi não tinha jeitonão tinha jeito não(Refrão)tô, tô pelado com a mão no bolsonuzinho peladotô, tô pelado com a mão no bolsonuzinho peladoaí eu vi que a bronca tava feitatava pelado e perdi o meu calçãoolhei pra um lado olhei pra o outroe nada de achare as meninas me chamandovocê não vai mais voltar?A galera tá pegando um bronze bem legale eu aqui na água com essa cara de pauo pessoal já tava meio desconfiadoolhando para minha cara e perguntandoquê que o Guto tá fazendo(Refrão) tô, tô pelado com a mão no bolso...a hora foi passando ligeirinho e eu ainda tava lánão podia mais sair não podia mais entrareu não tinha mais desculpa para dartinha que sair do jeito que eu tava láesperei o sol se por e sai com a mão na frente e aoutra atrása galera logo percebeu que eu tava peladãofui correndo fui fugindo com medo da multidãobateu forte o coração(Refrão) tô, tô pelado com a mão no bolso...
Sonífera Ilha (Titãs)

Não posso mais viver assim do seu ladinho Por isso colo meu ouvido no radinho de pilha Pra te sintonizar sozinha, numa ilha Sonífera ilha Descansa meus olhos Sossega minha boca Me enche de luz Sonífera ilha Descansa meus olhos Sossega minha boca Me enche de luz Não posso mais viver assim do seu ladinho Por isso colo meu ouvido no radinho de pilha Pra te sintonizar sozinha, numa ilha Sonífera ilha Descansa meus olhos Sossega minha boca Me enche de luz Sonífera ilha Descansa meus olhos Sossega minha boca Me enche de luz Sonífera ilha Descansa meus olhos Sossega minha boca Me enche de luz Sonífera ilha Descansa meus olhos

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Alguém Cantando (com Simone)
Zélia DuncanComposição: Caetano Veloso
Alguém cantando longe daquiAlguém cantando longe, longeAlguém cantando muitoAlguém cantando bemAlguém cantando é bom de se ouvirAlguém cantando alguma cançãoA voz de alguém nessa imensidãoA voz de alguém que cantaA voz de um certo alguémQue canta como que pra ninguémA voz de alguém quando vem do coraçãoDe quem mantém toda a purezaDa naturezaOnde não há pecado nem perdão

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A Invenção de Orfeu
Martinho da VilaComposição: Rodolpho - Paulo Brazão - Irany
Ilhado na imaginaçãoQue mar de fantasia!O poeta vai cantandoEstórias tão sem históriaDa tristeza e da alegriaNo seu veleiro sem velaPeixe que voaAve que é proa
Tem o BarãoTriste BarãoUm homem sem reinadoTem girassóis reluzentesTem leão rei coroadoNavegando, navegandoNavegando sem pararDedilhando sua liraFazendo o vento cantar
Em seu devaneioImagens diferentesCavalo todo de fogoMulheres metade serpenteNessa ilha inventadaProcurando sua amadaSeu candelabro, astro-reiE a mulher imaginadaDesperta então o poetaClamando Orfeu, clamando OrfeuUma luz nas trevas se acendeuMentira pra quem não crêMilagre pra quem sofreu
Fragmento de Lygia Fagundes Telles

(...)Ele fixara em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da sua liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.Ele fixara em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da sua liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.(...)"

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Presença da tragédia
Se alguém me matasse. Se eu fosse abatido a tiros por uma amante, pelo marido de uma de minhas amantes, por um neurótico pela fama, por um serial killer americano que tivesse vindo ao Brasil, pelo engano de um traficante, por um assaltante num cruzamento, por uma das milhares de balas perdidas que cruzam a cidade, por uma dessas motos enraivecidas que alucinam o transito, por um colega de profissão inconformado com a minha fama. Se morresse em uma inundação, atingido por um raio ou por um arvore derrubada por um vendaval. Por um remédio com data vencida, por uma comida estragada. Uma tragédia noticiada por toda a mídia, alimentada e realimentada, provocando manchetes vorazes, devoradas com prazer pelo publico e construindo a minha legenda. Melhor que fosse algo misterioso. O noticiário duraria mais tempo, o caso seria revisto por curiosos dispostos a desvendar enigmas. Provocar a necessidade de uma autopsia, de exumação. Ser o enigma do século seria a minha gloria. Se eu tivesse essa certeza, não me incomodaria de estar morto.Presença da tragédia
Se alguém me matasse. Se eu fosse abatido a tiros por uma amante, pelo marido de uma de minhas amantes, por um neurótico pela fama, por um serial killer americano que tivesse vindo ao Brasil, pelo engano de um traficante, por um assaltante num cruzamento, por uma das milhares de balas perdidas que cruzam a cidade, por uma dessas motos enraivecidas que alucinam o transito, por um colega de profissão inconformado com a minha fama. Se morresse em uma inundação, atingido por um raio ou por um arvore derrubada por um vendaval. Por um remédio com data vencida, por uma comida estragada. Uma tragédia noticiada por toda a mídia, alimentada e realimentada, provocando manchetes vorazes, devoradas com prazer pelo publico e construindo a minha legenda. Melhor que fosse algo misterioso. O noticiário duraria mais tempo, o caso seria revisto por curiosos dispostos a desvendar enigmas. Provocar a necessidade de uma autopsia, de exumação. Ser o enigma do século seria a minha gloria. Se eu tivesse essa certeza, não me incomodaria de estar morto.
2001
Os MutantesComposição: Rita Lee
Astronauta libertadoMinha vida me ultrapassaEm qualquer rota que eu façaDei um grito no escuroSou parceiro do futuroNa reluzente galáxia
Eu quase posso palpar, a minha vida que gritaEmprenha e se reproduz, na velocidade da luzA cor do céu me compõe, o mar azul me dissolveA equação me propõe, computador me resolve
Astronauta libertadoMinha vida me ultrapassaEm qualquer rota que eu façaDei um grito no escuroSou parceiro do futuroNa reluzente galáxia
Amei a velocidade, casei com 7 planetasPor filho cor e espaço, não me tenho nem me façoA rota do ano luz, calculo dentro do passoMinha dor é cicatriz, minha morte não me quis
Nos braços de 2000 anos, eu nasci sem ter idadeSou casado, sou solteiro, sou baiano, estrangeiroMeu sangue é de gasolina, correndo não tenho mágoaMeu peito é de sal de fruta, fervendo num copo d'água
Astronauta libertadoMinha vida me ultrapassaEm qualquer rota que eu façaDei um grito no escuroSou parceiro do futuroNa reluzente galáxia
Jura
Noel Rosa
JuraJura, jura pelo SenhorJura,Pela imagem da Santa Cruz do RedentorPra ter valorA tua jura,Jura, jura de coraçãoPara que um diaEu possa dar-te o meu amorSem mais pensar na ilusãoDaí então dar-te eu ireiUm beijo puro na catedral do amorDos sonhos meus,Bem juntos aos teusPara fugir das aflições da dorJuraJura, jura pelo SenhorJura,Pela imagem da Santa Cruz do RedentorPra ter valorA tua jura,Jura, jura de coraçãoPara que um diaEu possa dar-te o meu amorSem mais pensar na ilusãoDaí então dar-te eu ireiUm beijo puro na catedral do amorDos sonhos meus,Bem juntos aos teusPara fugir das aflições da dorDaí então dar-te eu irei
Um beijo puro na catedral do amorDos sonhos meus,Bem juntos aos teusPara fugir das aflições da dor
Bem, Bem, Maria
Gypsy Kings
No te vallasMuer miaTu no me dejasTu no te vallasIgual que una chiquitana
No te vallasMuer miaTu no me dejasTu no te vallasTu acerca a labandono
Bem bem bem mariaTe quiero bem bem bemBem bem bem mariaTe quiero bem bem bemBem bem bem mariaTe quiero bem bem bemBem bem bem mariaTe quiero bem
Cambia, cambiaAy desir gajar meY esa precisa a retirarmeIgual que una chiquitana
Bem bem bem mariaTe quiero bem bem bemBem bem bem mariaTe quiero bem bem bemBem bem bem mariaTe quiero bem bem bemBem bem bem mariaTe quiero bem

domingo, 4 de outubro de 2009

A Razão Dá-se a Quem têm
Noel RosaComposição: Noel Rosa / Ismael Silva / Fco. Alves
Se meu amor me deixarEu não posso me queixarVou sofrendo sem dizer nada a ninguémA razão dá-se a quem tem
Sei que não posso suportar(Se meu amor me deixar)Se de saudades eu chorar(Eu não posso me queixar)Abandonado sem vintém(Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém)Quem muito riu chora também(A razão dá-se a quem tem)
Se meu amor me deixarEu não posso me queixarVou sofrendo sem dizer nada a ninguémA razão dá-se a quem tem
Eu vou chorar só em lembrar(Se meu amor me deixar)Dei sempre golpe de azar(Eu não posso me queixar)Pra parecer que vivo bem(Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém)A esconder que amo alguém(A razão dá-se a quem tem)
Se meu amor me deixarEu não posso me queixarVou sofrendo sem dizer nada a ninguémA razão dá-se a quem tem
Superstitious- Steve Wonder
Very superstitious, writing's on the wallVery superstitious, ladders bout' to fallThirteen month old baby, broke the lookin' glassSeven years of bad luck, the good things in your pastWhen you believe in things that you don't understandThen you sufferSuperstition ain't the wayVery superstitious, wash your face and handsRid me of the problem, do all that you canKeep me in a daydream, keep me goin' strongYou don't wanna save me, sad is my songWhen you believe in things that you don't understandThen you sufferSuperstition ain't the way, yeh, yehVery superstitious, nothin' more to sayVery superstitious, the devil's on his wayThirteen month old baby, broke the lookin' glassSeven years of bad luck, good things in your pastWhen you believe in things that you don't understandThen you sufferSuperstition ain't the way, no, no, no
Superbacana
Caetano VelosoComposição: Caetano Veloso
Toda essa gente se enganaOu então finge que não vê que eu nasciPra ser o superbacanaEu nasci pra ser o superbacana
Superbacana SuperbacanaSuperbacana Super-homemSuperflit, SupervincSuperist, Superbacana
Estilhaços sobre CopacabanaO mundo em CopacabanaTudo em Copacabana CopacabanaO mundo explode longe, muito longe
O sol responde
O tempo escondeO vento espalhaE as migalhas caem todas sobre
Copacabana me engana
Esconde o superamendoim
O espinafre, o biotônicoO comando do avião supersônicoDo parque eletrônicoDo poder atômico
Do avanço econômicoA moeda número um do Tio Patinhas não é minhaUm batalhão de cowboysBarra a entrada da legião dos super-heróis
E eu superbacanaVou sonhando até explodir coloridoNo sol, nos cinco sentidosNada no bolso ou nas mãosUm instante, maestro
Super-homem SuperflitSupervinc, SuperistSuperviva, SupershellSuperquentão
Super-Homem (A Canção)
Caetano VelosoComposição: Gilberto Gil
Um dia, vivi a ilusãoDe que ser homem bastariaQue o mundo masculinoTudo me dariaDo que eu quisesse ter
Que nadaMinha porção mulherQue até então se resguardaraÉ a porção melhorQue trago em mim agoraÉ que me faz viver
Quem deraPudesse todo homem compreenderOh Mãe, quem deraSer no verão o apogeu da primaveraE só por ela ser
Quem sabeO Super HomemVenha nos restituir a glóriaMudando como um DeusO curso da históriaPor causa da mulher
Carcará
Maria BethâniaComposição: João do Vale/José Cândido
(Glória a Deus Senhor nas alturaE viva eu de amarguraNas terra do meu senhor)
CarcaráPega, mata e come
CarcaráNum vai morrer de fomeCarcaráMais coragem do que homem
CarcaráPega, mata e come
CarcaráLá no sertãoÉ um bicho que avoa que nem aviãoÉ um pássaro malvadoTem o bico volteado que nem gavião
CarcaráQuando vê roça queimadaSai voando, cantando,
CarcaráVai fazer sua caçadaCarcará come inté cobra queimadaMas quando chega o tempo da invernadaNo sertão não tem mais roça queimadaCarcará mesmo assim num passa fomeOs burrego que nasce na baixada
Estribilho
Carcará é malvado, é valentãoÉ a águia de lá do meu sertãoOs burrego novinho num pode andáEle puxa no bico inté matá
CarcaráPega, mata e come!

sábado, 3 de outubro de 2009

João Cabral de Melo Neto

O Relógio

1. Ao redor da vida do homem há certas caixas de vidro, dentro das quais, como em jaula, se ouve palpitar um bicho. Se são jaulas não é certo; mais perto estão das gaiolas ao menos, pelo tamanho e quadradiço de forma. Uma vezes, tais gaiolas vão penduradas nos muros; outras vezes, mais privadas, vão num bolso, num dos pulsos. Mas onde esteja: a gaiola será de pássaro ou pássara: é alada a palpitação, a saltação que ela guarda; e de pássaro cantor, não pássaro de plumagem: pois delas se emite um canto de uma tal continuidade que continua cantando se deixa de ouvi-lo a gente: como a gente às vezes canta para sentir-se existente. 2. O que eles cantam, se pássaros, é diferente de todos: cantam numa linha baixa, com voz de pássaro rouco; desconhecem as variantes e o estilo numeroso dos pássaros que sabemos, estejam presos ou soltos; têm sempre o mesmo compasso horizontal e monótono, e nunca, em nenhum momento, variam de repertório: dir-se-ia que não importa a nenhum ser escutado. Assim, que não são artistas nem artesãos, mas operários para quem tudo o que cantam é simplesmente trabalho, trabalho rotina, em série, impessoal, não assinado, de operário que executa seu martelo regular proibido (ou sem querer) do mínimo variar. 3. A mão daquele martelo nunca muda de compasso. Mas tão igual sem fadiga, mal deve ser de operário; ela é por demais precisa para não ser mão de máquina, a máquina independente de operação operária. De máquina, mas movida por uma força qualquer que a move passando nela, regular, sem decrescer: quem sabe se algum monjolo ou antiga roda de água que vai rodando, passiva, graçar a um fluido que a passa; que fluido é ninguém vê: da água não mostra os senões: além de igual, é contínuo, sem marés, sem estações. E porque tampouco cabe, por isso, pensar que é o vento, há de ser um outro fluido que a move: quem sabe, o tempo.
A Dureza Concreta
Os Paralamas do Sucesso
Teu sangue ralo explica Tua fome de comer Fome de engolir com os olhos Tudo que se pode ver Fome de camisa limpa De ter fome, fome ter Já que a garganta seca E o difícil engolir Te impõe essa dieta Quase que como um dever É outra vez a marreta Que levanta e vem ao chão É a dureza concreta Da vida da cosntrução É tua tristeza certa É tua cama de pau É tua existência tonta Precisando de oração Se o que te corre nas veias Já não te sustenta mais Te resta o chão, o limite De onde nunca passarás Senão pra vala comum Sem sete palmos contar Pra tua pouca magreza Dois ou três hão de bastar
4 Graus
FagnerComposição: Raimundo Fagner e Dedé Evangelista
Céu de vidro azul fumaça Quatro Graus de latitude Rua estreita, praia e praça Minha arena e ataúde Não permita Deus que eu morra Sem sair desse lugar Sem que um dia eu vá embora Pra depois poder voltar Quero um dia ter saudade Desse canto que eu cantei E chorar se der vontade De voltar prá quem deixei De voltar prá quem deixei.
FRAGMENTOS DE UM DISCURSO AMOROSO(Roland Barthes): A necessidade desse livro se apóia na seguinte consideração: o discurso amoroso é hoje em dia de uma extrema solidão.

“Encontro pela vida milhões de corpos; desses milhões posso desejar centenas; mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonado me designa e especialidade do meu desejo. Esta escolha, tão rigorosa que só retém o Único, estabelece, por assim dizer, a diferença entre a transferência analítica e a transferência amorosa; uma é universal, a outra é específica. Foram precisos muitos acasos, muitas coincidências surpreendentes (e talvez muitas procuras), para que eu encontre a Imagem que, entre mil, convém ao meu desejo. Eis o grande enigma do qual nunca terei a solução: por que desejo esse? Por que o desejo por tanto tempo, languidamente? É ele inteiro que desejo (uma silhueta, uma forma, uma aparência)? Ou apenas uma parte desse corpo? E, nesse caso, o que, nesse corpo amado, tem a tendência de fetiche em mim? Que porção, talvez incrivelmente pequena, que acidente? O corte de uma unha, um dente um pouquinho quebrado obliquamente, uma mecha, uma maneira de fumar afastando os dedos para falar? De todos esses relevos do corpo tenho vontade de dizer que são adoráveis. Adorável quer dizer: este é o meu desejo, tanto que único: “É isso! Exatamente isso (que amo)!” No entanto, quanto mais experimento a especialidade do meu desejo, menos posso nomeá-la; à precisão do alvo corresponde um estremecimento do nome; o próprio do desejo não pode produzir um impróprio do enunciado: deste fracasso da linguagem, só resta um vestígio: a palavra “adorável” (a boa tradução de “adorável” seria ipse latino: é ele, ele mesmo em pessoa)."
A Força Secreta Daquela Alegria
Jorge MautnerComposição: Jorge Mautner / Gilberto Gil
Que roseira bonitaQue me olha tão aflita (2x)Pela chuva que não vem Corro pego o regadorEla me olha com amor Sabe o que lhe convémSabe o que lhe convém Às vezes falo ao acasoCom a samambaia de um vaso Em cima da janela olhando a baíaEm cima da janela olhando a baíaUsando telepatia falamos da vida Sobre os amores das floresE a força secreta daquela alegria
Madalena Foi Pro Mar
Chico BuarqueComposição: Chico Buarque
Madalena foi pro marE eu fiquei a ver naviosQuem com ela se encontrar Diga lá no alto marQue é preciso voltar jáPra cuidar dos nossos filhos
Pra zombar dos olhos meusNo alto mar a vela acenaTanto jeito tem de adeusTanto adeus de Madalena
É preciso não chorarMaldizer, não vale a penaJesus manda perdoarA mulher que é Madalena
Madalena foi pro marE eu fiquei a ver navios
13 de Maio
Caetano VelosoComposição: Caetano Veloso
Dia 13 de maio em Santo AmaroNa Praça do MercadoOs pretos celebravam(Talvez hoje inda o façam)O fim da escravidãoDa escravidãoO fim da escravidão
Tanta pindoba!Lembro do aluáLembro da maniçobaFoguetes no ar
Pra saudar IsabelÔ IsabéPra saudar Isabé



A LUA - MBP4
A luaQuando ela roda é novaCrescente ou meia-luaÉ cheiaE quando ela roda minguante e meiaDepois é lua novamenteQuando ela roda é novaCrescente ou meia-luaÉ cheiaE quando ela roda minguante e meiaDepois é lua novaMente quem diz que é lua velhaMente quem dizQue a lua é velha
COMPOSIÇÃO DE "RENATO ROCHA"
A Doce Canção de Caetana
FagnerComposição: Nélida Piñon, Papi & luiz Diniz
Canta que canta a vidaLuta a morte vividaEspaço, mente e corpoNo tempo perdido em esforçoAo sentir que nada enfim valeuChora, Caetana, a luta em lutar a luta mal traçadaE acaba encimada nas estrelas, nos lençois da madrugadaChora, Caetana ... Ana, sacanaChora, CaetanaO brilho das estrelas nos lençois
Mulher que me fez vibrar o ritmo do universoEm suas entranhasChora, Caetana, a canção dos tristesApesar das lutas incessantesA mulher homem bacantePassa a velejar a vela do destinoExplorando no seu desatinoO gozo das ninfetas lavadeiras em suas cantilenas matinais
Chora, Caetana ... Ana, sacanaCanta, CaetanaO brilho das estrelas nos lençoisAo sentir que nada enfim valeu

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Maria, Maria
Milton NascimentoComposição: Milton Nascimento e Fernando Brant
Maria, MariaÉ um dom, uma certa magiaUma força que nos alertaUma mulher que mereceViver e amarComo outra qualquerDo planeta
Maria, MariaÉ o som, é a cor, é o suorÉ a dose mais forte e lentaDe uma gente que ríQuando deve chorarE não vive, apenas aguenta
Mas é preciso ter forçaÉ preciso ter raçaÉ preciso ter gana sempreQuem traz no corpo a marcaMaria, MariaMistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manhaÉ preciso ter graçaÉ preciso ter sonho sempreQuem traz na pele essa marcaPossui a estranha maniaDe ter fé na vida....
Mas é preciso ter forçaÉ preciso ter raçaÉ preciso ter gana sempreQuem traz no corpo a marcaMaria, MariaMistura a dor e a alegria...
Mas é preciso ter manhaÉ preciso ter graçaÉ preciso ter sonho sempreQuem traz na pele essa marcaPossui a estranha maniaDe ter fé na vida....
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!!Lá Lá Lá Lerererê LerererêLá Lá Lá Lerererê LerererêHei! Hei! Hei! Hei!Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!Lá Lá Lá Lerererê Lerererê!Lá Lá Lá Lerererê Lerererê!...
Mas é preciso ter forçaÉ preciso ter raçaÉ preciso ter gana sempreQuem traz no corpo a marcaMaria, MariaMistura a dor e a alegria...
Mas é preciso ter manhaÉ preciso ter graçaÉ preciso ter sonho, sempreQuem traz na pele essa marcaPossui a estranha maniaDe ter fé na vida
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!!Lá Lá Lá Lerererê LerererêLá Lá Lá Lerererê LerererêHei! Hei! Hei! Hei!Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!Lá Lá Lá Lerererê Lerererê!Lá Lá Lá Lerererê Lerererê!...
Yolanda
Chico BuarqueComposição: Pablo Milanes
Esto no puede ser no mas que una canciónQuisiera fuera una declaración de amorRomantica sin reparar en formas talesQue ponga freno a lo que siento ahora a raudalesTe amoTe amoEternamente te amoSi me faltaras no voy a morirmeSi he de morir quiero que sea contigoMi soledad se siente acompañadaPor eso a veces se que necesitoTu manoTu manoEternamente tu manoCuando te vi sabia que era ciertoEste temor de hallarme descubiertoTu me desnudas con siete razonesMe abres el pecho siempre que me colmasDe amoresDe amoresEternamente de amoresSi alguna vez me siento derrotadoRenuncio a ver el sol cada mañanaRezando el credo que me has enseñadoMiro tu cara y digo en la ventanaYolandaYolandaEternamente YolandaYolandaEternamente YolandaEternamente Yolanda
Águas de Março ( Uma homenagem à professora Edda Caroni Nucci Eugênio)
Tom Jobim
É pau, é pedra, é o fim do caminhoÉ um resto de toco, é um pouco sozinhoÉ um caco de vidro, é a vida, é o solÉ a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeiraCaingá, candeia, é o MatitaPereiraÉ madeira de vento, tombo da ribanceiraÉ o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeiraÉ a chuva chovendo, é conversa ribeiraDas águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeiraPassarinho na mão, pedra de atiradeiraÉ uma ave no céu, é uma ave no chãoÉ um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminhoNo rosto o desgosto, é um pouco sozinhoÉ um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um pontoÉ um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhandoÉ a luz da manhã, é o tijolo chegandoÉ a lenha, é o dia, é o fim da picadaÉ a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na camaÉ o carro enguiçado, é a lama, é a lamaÉ um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rãÉ um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verãoÉ a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é JoséÉ um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão,É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminhoÉ um resto de toco, é um pouco sozinhoÉ um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rãÉ um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verãoÉ a promessa de vida no teu coraçãopau, pedra, fim, caminhoresto, toco, pouco, sozinhocaco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol
São as águas de março fechando o verãoÉ a promessa de vida no teu coração.
O homem cuja orelha cresceu ( Ignácio de Loyola Brandão)- fragmento

Estava escrevendo, sentiu a orelha pesada. Pensou que fosse cansaço, eram 11 da noite, estava fazendo hora-extra. Escriturário de uma firma de tecidos, solteiro, 35 anos, ganhava pouco, reforçava com extras. Mas o peso foi aumentando e ele percebeu que as orelhas cresciam. Apavorado, passou a mão. Deviam ter uns dez centímetros. Eram moles, como de cachorro. Correu ao banheiro. As orelhas estavam na altura do ombro e continuavam crescendo. Ficou só olhando. Elas cresciam, chegavam a cintura. Finas, compridas, como fitas de carne, enrugadas. Procurou uma tesoura, ia cortar a orelha, não importava que doesse. Mas não encontrou, as gavetas das moças estavam fechadas. O armário de material também. O melhor era correr para a pensão, se fechar, antes que não pudesse mais andar na rua. Se tivesse um amigo, ou namorada, iria mostrar o que estava acontecendo. Mas o escriturário não conhecia ninguém a não ser os colegas de escritório. Colegas, não amigos. Ele abriu a camisa, enfiou as orelhas para dentro. Enrolou uma toalha na cabeça, como se estivesse machucado.Estava escrevendo, sentiu a orelha pesada. Pensou que fosse cansaço, eram 11 da noite, estava fazendo hora-extra. Escriturário de uma firma de tecidos, solteiro, 35 anos, ganhava pouco, reforçava com extras. Mas o peso foi aumentando e ele percebeu que as orelhas cresciam. Apavorado, passou a mão. Deviam ter uns dez centímetros. Eram moles, como de cachorro. Correu ao banheiro. As orelhas estavam na altura do ombro e continuavam crescendo. Ficou só olhando. Elas cresciam, chegavam a cintura. Finas, compridas, como fitas de carne, enrugadas. Procurou uma tesoura, ia cortar a orelha, não importava que doesse. Mas não encontrou, as gavetas das moças estavam fechadas. O armário de material também. O melhor era correr para a pensão, se fechar, antes que não pudesse mais andar na rua. Se tivesse um amigo, ou namorada, iria mostrar o que estava acontecendo. Mas o escriturário não conhecia ninguém a não ser os colegas de escritório. Colegas, não amigos. Ele abriu a camisa, enfiou as orelhas para dentro. Enrolou uma toalha na cabeça, como se estivesse machucado.(...)
Alcohol
Gal CostaComposição: Jorge Ben Jor
Porque o céu é água marinhaPorque o sol é ouroPorque a lua é prataPorque a chuva é cristalinaPorque o mar é esmeraldaPorque somos seres terrestresPorque São Jorge mora na luaPorque você não vem me dar um beijoUm beijo de amor e de desejo
Porque eu gosto tanto de vocêEu gosto tanto de vocêEu gosto tanto de você
Na hora do espantoNão precisa ter olho clínico para saberPara saberQue o melhor é ficar tudo em famíliaUm controle ambientalPois contra uma lingua atômicaNem mesmo um para-raio digital
Cada palavra caçadaÉ um compasso de um passadoQue foi enterradoA caça ao fantasma continua porqueO fogo é mais antigo que o fogãoEm busca de uma nova identidadeNa fila dos aposentados
Um radical chic espera a sua vezJogando xadrez
Água de beber, água de benzerÁgua de banharAlcohol só para desinfetarEu quero água
Água de beber, água de benzerÁgua de banharAlcohol só para desinfetar
Em vez de uma nova trombadaUma marcha ré com dignidadeÉ melhor do que ficar com pesadelos
Tédio, calça arriada, queda de audiênciaFilme queimadoAquele homem grooverAquele santo homemSó porque gostavaDe andar de terno branco,Camisa de seda, cardão de ouro,Tênis, chinelo ou tamancosEra chamado de marginalSubir, descer, entrar, sairFaz parte do talento individual de cada um
Porque você não vem me dar um beijoUm beijo de amor e de desejoPorque eu gosto tanto de vocêEu gosto tanto de vocêEu gosto tanto de você
Across The Universe
The BeatlesComposição: Lennon / McCartney
Words are flowing out like endless rain into a paper cup,They slither while they pass they slip away across the universe.Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my opened mind,Possessing and caressing me.
Jai guru deva, Om.
Nothing's gonna change my world,Nothing's gonna change my world,Nothing's gonna change my world,Nothing's gonna change my world.
Images of broken light which dance before me like a million eyes,They call me on and on across the universe.Thoughts meander like a restless wind inside a letter box,They tumble blindly as they make their way across the universe
Jai guru deva, Om.
Nothing's gonna change my world,Nothing's gonna change my world,Nothing's gonna change my world,Nothing's gonna change my world.
Sounds of laughter, shades of love are ringing through my opened ears,Inciting and inviting me.Limitless undying love, which shines around me like a million suns,And calls me on and on across the universe.
Jai guru deva, Om.
Nothing's gonna change my world,Nothing's gonna change my world,Nothing's gonna change my world,Nothing's gonna change my world.
Jai guru deva,Jai guru deva,Jai guru deva,Jai guru deva,Jai guru deva,Jai guru deva...
Advogado do Diabo
Chico Science & Nação ZumbiComposição: Edgard Scandurra
Eu não sou o que dizem que souNem tu és o que dizem que ésMe diga promotorO seu tempo já passouQuem é o vilão dessa história?
Meninos enjaulados nada disso é conversaSão todos pecadinhos que até hoje Deus confessa
São filhos do sinalSão filhos de Zumbi,São filhos dos que choramE também de quem sorri
Por isso poupe a pompa e olhe para si!Não há quem não corrompa com tanta lei assima sua mesa é fina mais a minha mesa é forteBrincando com o destinoTratamento e choque!
Alheio a tudo, alheio a todosPassando frio e pegando fogo!Alma danada seu crime é o castigoEu quebro a regra do jogo
Atire a pedra no pequeno mas um Dia você vai se queimar
A Bruxa Vem Aí
Marchinhas de Carnaval
Ai,
A bruxa vem aí,E não vem sozinha,Vem na base do saci.
Pula, pula, pula,Numa perna só,Vem largando brasa,No cachimbo da vovó.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A História de Lily Braun
Gal CostaComposição: Chico Buarque / Edu Lobo
Como num romanceO homem de meus sonhosMe apareceu no dancingEra mais umSó que num relanceOs seus olhos me chuparamFeito um zoom
Ele me comiaCom aqueles olhosDe comer fotografiaEu disse cheeseE de close em closeFui perdendo a poseE até sorri, feliz
E voltouMe ofereceu um drinqueMe chamou de anjo azulMinha visão foi desde entãoFicando flou
Como no cinemaMe mandava às vezesUma rosa e um poemaFoco de luzEu, feito uma gemaMe desmilingüindo todaAo som do blues
Abusou do scotchDisse que meu corpoEra só dele aquela noiteEu disse pleaseXale no decoteDisparei com as facesRubras e febris
E voltouNo derradeiro showCom dez poemas e um buquêEu disse adeusJá vou com os meusNuma turnê
Como amar esposaDisse ele que agoraSó me amava como esposaNão como starMe amassou as rosasMe queimou as fotosMe beijou no altar
Nunca mais romanceNunca mais cinemaNunca mais drinque no dancingNunca mais cheeseNunca uma espeluncaUma rosa nuncaNunca mais feliz
SONETO
(Feito no decurso de dois minutos. em homenagem ao aniversário natalício de AlexandreRodrigues dos Anjos - 28 de abril de 1905.)
Para quem tem na vida compreendidoToda a grandeza da FraternidadeO aniversário dum irmão queridoA alma de alegres emoções invade.Depois quando no irmão estremecidoFazem aliança o gênio e a probidade,Atinge o amor um grau nunca atingidoNo termômetro santo da Amizade.O Alexandre dos Anjos merecia Grandes coroas nesse grande dia, Tesouros reais, auríferos tesouros...Terá no entanto indubitavelmenteA admiração do século presenteE a sagração dos séculos vindouros!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A ESMOLA DE DULCE ( Augusto dos Anjos)
Ao Alfredo A.
E todo o dia eu vou como um perdidoDe dor, por entre a dolorosa estrada,Pedir a Dulce, a minha bem amadaA esmola dum carinho apetecido.E ela fita-me, o olhar enlanguescido,E eu balbucio trêmula balada:- Senhora dai-me u'a esmola - e estertoradaA minha voz soluça num gemido.Morre-me a voz, e eu gemo o último harpejo, Estendendo à Dulce a mão, a fé perdida, E dos lábios de Dulce cai um beijo.Depois, como este beijo me consola!Bendita seja a Dulce! A minha vidaEstava unicamente nessa esmola.
A DANÇA DA PSIQUE ( Augusto dos Anjos)
A dança dos encéfalos acesosComeça. A carne é fogo. A alma arde. A espaçosAs cabeças, as mãos, os pés e os braçosTombam, cedendo à ação de ignotos pesos!E então que a vaga dos instintos presos- Mãe de esterilidades e cansaços -Atira os pensamentos mais devassosContra os ossos cranianos indefesosSubitamente a cerebral coréiaPára. O cosmos sintético da IdéiaSurge. Emoções extraordinárias sintoArranco do meu crânio as nebulosasE acho um feixe de forças prodigiosasSustentando dois monstros: a alma e o instinto!
Esqueça O Que Te Disseram Sobre O Amor
Os Paralamas do Sucesso ( Herbert Vianna)
Desculpas é que eu não vou pedirPelo que quero e o que não quero fazerOutro dia eu apareço Enquanto isso vamos nos entenderEsqueça o que te disseramSobre casa filhos e televisãoÉ preciso sangue frio pra ver Que o sangue é quente E que vai ser diferente
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Vai ser diferenteAh! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Vai ser diferente
Pode ser o que você nunca viuPode ser o que você tem na mãoPode ser exatamente o que eu digoE também pode nãoEntão esqueça seus sonhosEsqueça as regras e a exceçãoÉ mais real cru e fascinante

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Não Sou Mais Disso
Zeca PagodinhoComposição: (zeca Pagodinho/jorge Aragão)
Eu não sei se ela fez feitiçoMacumba ou coisa assimEu só seiQue eu tô bem com elaA vida é melhor prá mim...
Eu deixei de ser pé-de-canaEu deixei de ser vagabundoAumentei minha fé em CristoSou bem-quistoPor todo mundo...(2x)
Na hora de trabalharLevanto sem reclamarAntes do galo cantarJá vou!À noite volto pro larPrá tomar banho e jantarSó tomo uma no barBastou!...
Provei prá vocêQue eu não sou mais dissoNão perco maisO meu compromissoNão perco maisUma noite à tôaNão traio e nem trocoA minha patroa...(2x)
Eu não sei se ela fez feitiçoFez macumba ou coisa assimEu só seiQue eu tô bem com elaE a vida é melhor prá mim...
Eu deixei de ser pé-de-canaEu deixei de ser vagabundoAumentei minha fé em CristoSou bem-quistoPor todo mundo...(2x)
Na hora de trabalharLevanto sem reclamarE antes do galo cantarJá vou!À noite volto pro larPrá tomar banho e jantarSó tomo uma no barBastou!...-Parei Geral!
Provei prá vocêQue eu não sou mais dissoNão perco maisO meu compromissoNão perco maisUma noite à tôaNão traio e nem trocoA minha patroa...(2x)
Eu não sei se ela fez feitiçoOu macumba ou coisa assimEu só seiQue eu tô bem com elaE a vida é melhor prá mim...
Eu deixei de ser pé-de-canaEu deixei de ser vagabundoAumentei minha fé em CristoSou bem-quistoPor todo mundo...(2x)
Aumentei minha fé em CristoSou bem-quistoPor todo mundo...
CONSOADA- Manuel Bandeira
Quando a Indesejada das gentes chegar(Não sei se dura ou caroável),Talvez eu tenha medo.Talvez sorria, ou diga:- Alô, iniludível!O meu dia foi bom, pode a noite descer.(A noite com seus sortilégios.)Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,A mesa posta,Com cada coisa em seu lugar.
Inútil
Ultraje a RigorComposição: Roger Moreira
(Vô cantar tudo de novo, ô ?!)
A gente não sabemosEscolher presidenteA gente não sabemosTomar conta da genteA gente não sabemosNem escovar os denteTem gringo pensandoQue nóis é indigente...
Inútil!A gente somos inútil!Inútil!A gente somos inútil!
A gente faz carroE não sabe guiarA gente faz trilhoE não tem trem prá botarA gente faz filhoE não consegue criarA gente pede granaE não consegue pagar...
Inútil!A gente somos inútil!Inútil!A gente somos inútil!
Inútil!A gente somos inútil!Inútil!A gente somos inútil!Inútil!A gente somos inútil!Inútil!A gente somos inútil!
A gente faz músicaE não consegue gravarA gente escreve livroE não consegue publicarA gente escreve peçaE não consegue encenarA gente joga bolaE não consegue ganhar...
Inútil!A gente somos inútil!Inútil!A gente somos inútil!Inútil!Inútil!Inútil!Inú! Inú! Inú...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Pedro Pedreiro (Italiano)
Chico BuarqueComposição: Chico Buarque - Calabrese - Jannacci
Pedro Pedreiro è pensosoEd aspetta il tramDomani forse dovrà Aspettare ancorPer il bene di chi Il bene di chi è senza un soldoPedro Pedreiro resta pensierosoE pensando il tempo passaE noi restiamo indietro a aspettarAspettando aspettando aspettandoAspettando il soleAspettando il tramAspettando sempre quel famoso aumentoChe non viene mai
Pedro Pedreiro è pensosoEd aspetta il tramDomani forse dovrà Aspettare ancorPer il bene di chi Il bene di chi è senza un soldoPedro Pedreiro aspetta l'allegriaE la fortunaCol biglietto della lotteria Ogni annoAspettando aspettando aspettandoAspettando il soleAspettando il tramAspettando sempre quel famoso aumentoAspettando il premio della lotteriaE la moglie di Pedro sta aspettando un figlioChe dovrà aspettare
Pedro Pedreiro è pensosoEd aspetta il tramDomani forse dovrà Aspettare ancorPer il bene di chi Il bene di chi è senza un soldoPedro Pedreiro aspetta anche l'amoreSta aspettando il giorno di arrivare in portoPedro non sa che forse forse in fondoAspetta qualche cosa al di là del suo mondoPiù grande del marMa perché sognar se poiCi si dispera di aspettare ancoraPedro Pedreiro vuol tornare indietroEd esser solo muratoreSenza aspettarAspettare aspettare aspettareAspettare il soleaspettare il tramAspettare ancora quel famoso aumentoAspettare un figlio che dovrà aspettareAspettare il premio della lotteriaAspettar la morteAspettare un portoAspettare di Non aspettare piùAspettare in fondoNiente altro cheLa speranza afflitta infinita sfinitaChe arrivi il suo tram
Pedro Pedreiro è pensoso ed aspettaPedro Pedreiro è pensoso ed aspettaPedro Pedreiro è pensoso ed aspetta il tramChe già vienChe già vienChe già vienChe già vien
Ob-La-Di, Ob-La-Da
The BeatlesComposição: John Lennon / Paul McCartney
Desmond has a barrow in the marketplaceMolly is the singer in a bandDesmond say to Molly, girl I like you faceAnd Molly says this as she takes him by the hand
Obladi, oblada,Life goes on, braLa la how the life goes onObladi, obladaLife goes on, braLa la how the life goes on
Desmond take a trolley to the jewelers storeBuys a twenty carat golden ring, (rin-ring)Takes it back to Molly waiting at the doorAnd as he gives it to her she begins to sing (sin-sing)
Obladi, obla-aLife goes on, braLa la how the life goes onObladi, obladaLife goes on, braLa la how the life goes on
Yeah, In a couple of years theyhave built a home sweet homeWith a couple of kids running in the yardof Desmond and Molly Jones
Happy ever after in the market placeDesmond lets the children lend a hand (arm... leg...!)Molly stays at home and does her pretty faceAnd in the evening she's a singer with the band
Obladi, obladaLife goes on, braLa la how the life goes onObladi, obladaLife goes on, braLa la how the life goes on
In a couple of years theyhave built a home sweet homeWith a couple of kids running in the yardof Desmond and Molly Jones
Happy ever after in the market placeMolly lets the children lend a handDesmond stays at home and does his pretty faceAnd in the evening she's a singer with the band
Obladi, obladaLife goes on, braLa la how the life goes onObladi, obladaLife goes on, braLa la how the life goes onAnd if you want some funtake Obladi blada

domingo, 27 de setembro de 2009

Saber Amar
Os Paralamas do SucessoComposição: Hebert Viana
A crueldade de que se é capazDeixar pra trás os corações partidosContra as armas do ciúme tão mortaisA submissão às vezes é um abrigo
Saber amarSaber deixar alguém te amar
Há quem não veja a onda onde ela estáE nada contra o rioTodas as formas de se controlar alguémSó trazem um amor vazio
Saber amarSaber deixar alguém te amar
O amor te escapa entre os dedosE o tempo escorre pelas mãosO sol já vai se pôr no mar
Saber amarSaber deixar alguém te amar
Há quem não veja a onda onde ela estáE nada contra o rioTodas as formas de se controlar alguémSó trazem um amor vazio
Saber amarÉ saber deixar alguém te amar
"Eu estou na lanterna dos afogados/Eu estou te esperando/Vê se não vai demorar." (Lanterna dos Afogados- Herbert Vianna)
Meu Erro
Os Paralamas do SucessoComposição: Herbert Vianna
Eu quis dizerVocê não quis escutarAgora não peçaNão me faça promessas...
Eu não quero te verNem quero acreditarQue vai ser diferenteQue tudo mudou...
Você diz não saberO que houve de erradoE o meu erro foi crerQue estar ao seu ladoBastaria!Ah! Meu Deus!Era tudo o que eu queriaEu dizia o seu nomeNão me abandone...
Mesmo querendoEu não vou me enganarEu conheço os seus passosEu vejo os seus errosNão há nada de novoAinda somos iguaisEntão não me chameNão olhe prá trás...
Você diz não saberO que houve de erradoE o meu erro foi crerQue estar ao seu ladoBastaria!Ah! Meu Deus!Era tudo o que eu queriaEu dizia o seu nomeNão me abandone jamais...
Mesmo querendoEu não vou me enganarEu conheço os seus passosEu vejo os seus errosNão há nada de novoAinda somos iguaisEntão não me chameNão olhe prá trás...
Você diz não saberO que houve de erradoE o meu erro foi crerQue estar ao seu ladoBastaria!Ah! Meu Deus!Era tudo o que eu queriaEu dizia o seu nomeNão me abandone jamais...
Não me abandone jamais... (3x)
Jorge Da Capadocia
Jorge Ben JorComposição: Jorge Ben Jor
Jorge sentou praça na cavalariaE eu estou feliz porque eu também sou da sua companhiaEu estou vestido com as roupas e as armas de JorgePara que meus inimigos tenham pés, não me alcancemPara que meus inimigos tenham mãos, não me peguem, não me toquemPara que meus inimigos tenham olhos e não me vejamE nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal
Armas de fogo, meu corpo não alcançaráFacas, lanças se quebrem, sem o meu corpo tocarCordas, correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrarPois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é de Capadócia, viva Jorge!Jorge é de Capadócia, salve Jorge!
Perseverança, ganhou do sórdido fingimentoE disso tudo nasceu o amorPerseverança, ganhou do sórdido fingimentoE disso tudo nasceu o amor
Ogam toca pra OgumOgam toca pra OgumOgam, Ogam toca pra Ogum
Jorge é da CapadóciaJorge é da CapadóciaJorge é da CapadóciaJorge é da Capadócia
Ogam toca pra OgumOgam toca pra Ogum
Jorge sentou praça na cavalariaE eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Ogam toca pra OgumOgam toca pra Ogum
ESTE É O PRÓLOGO ( Federico Garcia Lorca)
Deixaria neste livro toda a minha alma. este livro que viu as paisagens comigo e viveu horas santas.
Que pena dos livros que nos enchem as mãos de rosas e de estrelas e lentamente passam !
Que tristeza tão funda é olhar os retábulos de dores e de penas que um coração levanta !
Ver passar os espectros de vida que se apagam, ver o homem desnudo em Pégaso sem asas,
ver a vida e a morte, a síntese do mundo, que em espaços profundos se olham e se abraçam.
Um livro de poesias é o outono morto: os versos são as folhas negras em terras brancas,
e a voz que os lê é o sopro do vento que lhes incute nos peitos - entranháveis distâncias.
O poeta é uma árvore com frutos de tristeza e com folhas murchas de chorar o que ama.
O poeta é o médium da Natureza que explica sua grandeza por meio de palavras.
O poeta compreende todo o incompreensível e as coisas que se odeiam, ele, amigas as chamas.
Sabe que as veredas são todas impossíveis, e por isso de noite vai por elas com calma.
Nos livros de versos, entre rosas de sangue, vão passando as tristes e eternas caravanas
que fizeram ao poeta quando chora nas tardes, rodeado e cingido por seus próprios fantasmas.
Poesia é amargura, mel celeste que emana de um favo invisível que as almas fabricam.
Poesia é o impossível feito possível. Harpa que tem em vez de cordas corações e chamas.
Poesia é a vida que cruzamos com ânsia, esperando o que leva sem rumo a nossa barca.
Livros doces de versos sãos os astros que passam pelo silêncio mudo para o reino do Nada, escrevendo no céu suas estrofes de prata.
Oh ! que penas tão fundas e nunca remediadas, as vozes dolorosas que os poetas cantam !
Deixaria neste livro toda a minha alma...
( tradução: William Agel de Melo )

sábado, 26 de setembro de 2009

A foto da capaChico Buarque/1993

O retrato do artista quando moçoNão é promissora, cândida pinturaÉ a figura do larápio rastaqüeraNuma foto que não era para capaUma pose para câmera tão duraCujo foco toda lírica solapaEra rala a luz naquele calabouçoDo talento a clarabóia se tamparaE o poeta que ele sempre se souberaClaramente não mirava algum futuroVia o tira da sinistra que rosnaraE o fotógrafo frontal batendo a chapaÉ uma foto que não era para capaEra a mera contracara, a face obscuraO retrato da paúra quando o caraSe prepara para dar a cara a tapa
Bye, Bye, Brasil
Chico BuarqueComposição: Roberto Menescal e Chico Buarque
Oi, coraçãoNão dá pra falar muito nãoEspera passar o aviãoAssim que o inverno passarEu acho que vou te buscarAqui tá fazendo calorDeu pane no ventiladorJá tem fliperama em MacauTomei a costeira em Belém do ParáPuseram uma usina no marTalvez fique ruim pra pescarMeu amor
No TocantinsO chefe dos parintintinsVidrou na minha calça LeeEu vi uns patins pra vocêEu vi um Brasil na tevêCapaz de cair um toróEstou me sentindo tão sóOh, tenha dó de mimPintou uma chance legalUm lance lá na capitalNem tem que ter ginasialMeu amor
No TabarizO som é que nem os Bee GeesDancei com uma dona infelizQue tem um tufão nos quadrisTem um japonês trás de mimEu vou dar um pulo em ManausAqui tá quarenta e dois grausO sol nunca mais vai se pôrEu tenho saudades da nossa cançãoSaudades de roça e sertãoBom mesmo é ter um caminhãoMeu amor
Baby, bye byeAbraços na mãe e no paiEu acho que vou desligarAs fichas já vão terminarEu vou me mandar de trenóPra Rua do Sol, MaceióPeguei uma doença em IlhéusMas já tô quase bomEm março vou pro CearáCom a benção do meu orixáEu acho bauxita por láMeu amor
Bye bye, BrasilA última ficha caiuEu penso em vocês night and dayExplica que tá tudo okayEu só ando dentro da leiEu quero voltar, podes crerEu vi um Brasil na tevêPeguei uma doença em BelémAgora já tá tudo bemMas a ligação tá no fimTem um japonês trás de mimAquela aquarela mudouNa estrada peguei uma corCapaz de cair um toróEstou me sentindo um jilóEu tenho tesão é no marAssim que o inverno passarBateu uma saudade de tiTô a fim de encarar um siriCom a benção de Nosso SenhorO sol nunca mais vai se pôr
A Nível De
MPB4Composição: João Bosco
Vanderley e Odilonsão muito unidose vão pro Maracanãtodo domingocriticando o casamentoe o papo mostraque o casamento anda uma bosta...Yolanda e Adelinasão muito unidase se fazem companhiatodo domingoque os maridos vão pro jogo.Yolanda apostaque assim a nível de Propostao casamento anda uma bostae a Adelina não discorda.Estruturou-se um troca-trocae os quatro: hum-hum... oqué... tá bom... é...Só que Odilon, não pegando bem a coisa,agarrou o Vanderley e a Yolanda ó na Adelina.Vanderley e Odilonbem mais unidosempataram capitale estão montandorestaurante naturalcuja propostaé cada um come o que gosta.Yolanda e Adelinabem mais unidasacham viver um baratoe pra provartão fazendo artesanatoe pela amostraYolanda aposta na resposta.E Adelina não discordaque pinta e borda com o que gosta.É positiva essa propostade quatro: hum-hum... oquéi... tá bom... é...Só que Odilonensopapa o Vanderley com ciúmee Adelina dá na cara de Yoyô...Vanderley e OdilonYolanda e Adelinacada um faz o que gostae o relacionamento... continua a mesma bosta!
A rosa de Hiroxima ( Vinícius de Moraes)
Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridasComo rosas cálidasMas oh não se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de HiroximaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválidaA rosa com cirroseA anti-rosa atômicaSem cor sem perfumeSem rosa sem nada.
Federico Garcia Lorca
Jean FerratComposição: Paroles: C.H. Vic. Musique: Jean Ferrat 1968 "Jean Ferrat - Vol.1 (1999)"
Les guitares jouent des sérénadesQue j'entends sonner comme un tocsinMais jamais je n'atteindrai Grenade"Bien que j'en sache le chemin"Dans ta voixGalopaient des cavaliersEt les gitans étonnésLevaient leurs yeux de bronze et d'orSi ta voix se brisaVoilà plus de vingt ans qu'elle résonne encoreFederico GarcíaVoilà plus de vingt ans, CamaradesQue la nuit règne sur GrenadeIl n'y a plus de prince dans la villePour rêver tout hautDepuis le jour où la guardia civilT'a mis au cachotEt ton sang tiède en quête de l'auroreS'apprête déjàJ'entends monter par de longs corridorsLe bruit de leurs pasEt voici la porte grande ouverteOn t'entraîne par les rues désertéesAh! Laissez-moi le temps de connaîtreCe que ma mère m'a donnéMais déjàFace au mur blanc de la nuitTes yeux voient dans un éclairLes champs d'oliviers endormisEt ne se ferment pasDevant l'âcre lueur éclatant des fusilsFederico GarcíaLes lauriers ont pâli, CamaradesLe jour se lève sur GrenadeDure est la pierre et froide la campagneGarde les yeux closDe noirs taureaux font mugir la montagneGarde les yeux closEt vous Gitans, serrez bien vos compagnesAu creux des lits chaudsTon sang inonde la terre d'EspagneO FedericoLes guitares jouent des sérénadesDont les voix se brisent au matinNon, jamais je n'atteindrai Grenade"Bien que j'en sache le chemin"
A Mi Hermano Miguel
Mercedes SosaComposição: César Vallejo - Ángel Ritro
Hermano, hoy estoy en el poyo de la casa,¡donde nos haces una falta sin fondo!Me acuerdo que jugábamos esta hora, y que mamános acariciaba: "Pero, hijos ...".Ahora yo me escondo,como antes, todas estas oracionesvespertinas, y espero que tú no des conmigo.Por la sala, el zaguán, los corredores,después, te ocultas tú, y yo no doy contigo.Me acuerdo que nos hacíamos llorar,hermano, en aquel juego.Miguel, tú te escondisteuna noche de agosto, al alborear;pero, en vez de ocultarte riendo, estabas triste.Y tu gemelo corazón de esas tardesextintas se ha aburrido de no encontrarte. Y yacae sombra en el alma.Oye, hermano, no tardes en salir. Bueno... Puede inquietarse mamá.
Maddalena E' andata Via (Madalena foi pro mar)
Chico BuarqueComposição: Bardotti - Chico Buarque/1970
Maddalena è andata viaE sto con le mani in manoMaddalena è andata viaE sto con le mani in manoChi di voi l'incontreràLe ricordi che haDa tornare presto quaA curare i nostri figliDa tornare presto quaA curare i nostri figli
Deridendo gli occhi mieiOgni rondine staseraSembra quasi dire addioAll'addio di Maddalena
Maddalena è andata viaE sto con le mani in manoMaddalena è andata viaE sto con le mani in manoChi di voi l'incontreràLe ricordi che haDa tornare presto quaA curare i nostri figliDa tornare presto quaA curare i nostri figli
Io non devo pianger piùMaledir non val la penaGesù stesso perdonòPerdonò la Maddalena
Maddalena è andata viaE sto con le mani in mano