Águas de Março ( Uma homenagem à professora Edda Caroni Nucci Eugênio)
Tom Jobim
É pau, é pedra, é o fim do caminhoÉ um resto de toco, é um pouco sozinhoÉ um caco de vidro, é a vida, é o solÉ a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeiraCaingá, candeia, é o MatitaPereiraÉ madeira de vento, tombo da ribanceiraÉ o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeiraÉ a chuva chovendo, é conversa ribeiraDas águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeiraPassarinho na mão, pedra de atiradeiraÉ uma ave no céu, é uma ave no chãoÉ um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminhoNo rosto o desgosto, é um pouco sozinhoÉ um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um pontoÉ um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhandoÉ a luz da manhã, é o tijolo chegandoÉ a lenha, é o dia, é o fim da picadaÉ a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na camaÉ o carro enguiçado, é a lama, é a lamaÉ um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rãÉ um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verãoÉ a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é JoséÉ um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão,É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminhoÉ um resto de toco, é um pouco sozinhoÉ um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rãÉ um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verãoÉ a promessa de vida no teu coraçãopau, pedra, fim, caminhoresto, toco, pouco, sozinhocaco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol
São as águas de março fechando o verãoÉ a promessa de vida no teu coração.
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