segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Tropicália (Caetano Veloso)
Sobre a cabeça os aviõesSob os meus pés, os caminhõesAponta contra os chapadões, meu narizEu organizo o movimentoEu oriento o carnavalEu inauguro o monumentoNo planalto central do paísViva a bossa, sa, saViva a palhoça, ça, ça, ça, çaO monumento é de papel crepom e prataOs olhos verdes da mulataA cabeleira esconde atrás da verde mataO luar do sertãoO monumento não tem portaA entrada é uma rua antiga,Estreita e tortaE no joelho uma criança sorridente, Feia e morta,Estende a mãoViva a mata, ta, taViva a mulata, ta, ta, ta, taNo pátio interno há uma piscinaCom água azul de AmaralinaCoqueiro, brisa e fala nordestinaE faróisNa mão direita tem uma roseiraAutenticando eterna primaveraE no jardim os urubus passeiamA tarde inteira entre os girassóisViva Maria, ia, iaViva a Bahia, ia, ia, ia, iaNo pulso esquerdo o bang-bangEm suas veias corre muito pouco sangueMas seu coraçãoBalança a um samba de tamborimEmite acordes dissonantesPelos cinco mil alto-falantesSenhoras e senhoresEle pões os olhos grandes sobre mimViva Iracema, ma, maViva Ipanema, ma, ma, ma, maDomingo é o fino-da-bossaSegunda-feira está na fossaTerça-feira vai à roçaPorém, o monumentoÉ bem modernoNão disse nada do modeloDo meu ternoQue tudo mais vá pro inferno, meu bemQue tudo mais vá pro inferno, meu bemViva a banda, da, daCarmen Miranda, da, da, da da, da da da

Nenhum comentário: