sábado, 28 de julho de 2007

O ÓBVIO NÃO É ULULANTE

O tempo não respeita reino algum.
Assim sendo, no pequeno reino de Cururu, não aconteceu a exceção, mas a pior de todas as regras...
No princípio, a população caminhava com os olhos ávidos de horizonte.
Os mais altos eram os primeiros a percebê-lo, alimentando os de estatura mediana e os mais baixos com o sonho: a bela visão do horizonte! E todos continuavam, alentados , a caminhar.
Um dia, um anão mal- humorado chegou ao reino de Cururu.
- Vocês são uns tolos! Cansam-se à toa. Não há como chegar ao horizonte!
Todos se entreolharam mudos. Nunca haviam imaginado essa possibilidade que o anão lhes revelava.
- O que você sugere, anão?
Irritadíssimo por terem percebido quem ele era, tentou disfarçar. Falou, aparentando tranqüilidade:
- Ora, parem essa caminhada sem sentido. Descansem sentados no zero.
- Sentados no zero?
- Sim. Fiquem de cócoras.
A nova maneira de viver, embora trouxesse um certo desconforto, parecia mais segura à população. Somente um homem perguntou:
-Mas... de cócoras?
O anão, percebendo que já havia cativado a população, argumentou gigantesco:
- Assim as diferenças de estatura serão praticamente mínimas, com a vantagem de que, parados, o sonho de chegar ao horizonte será uma inutilidade. Serão evitadas possíveis frustrações da longa e acidentada caminhada, etc...etc...
Todos concordaram com o anão, exceto o homem que questionara a nova postura. Era um insensato! Melhor que partisse...
...Parece que a população de Coral ficou sabendo das mudanças ocorridas em Cururu...
... Sorrateiramente, os coralenses estão chegando a Cururu...
P.S.: Quem visou os coralenses sobre a nova postura dos habitantes de Cururu foi o anão.Não se sabe seu paradeiro. Sabe-se, porém, que o insensato continua buscando o horizonte. Foi ele que me contou essa história.

Nenhum comentário: