sexta-feira, 27 de julho de 2007

A odalisca e o cavalheiro

...Quando o olhar dela divisou o dele, sentiu que a mirava sorridente, como se já a conhecesse... Aquilo a perturbou um pouco. Mesmo assim, insistiu em perseguir com o olhar o cavalheiro diferente, não pelos trajes, e sim pelo brilho inusitado de seus olhos.
Ele a testou: " Você é uma odalisca". Nem por sombra ela se sentia assim, naquele momento. "Encontrei minha Scherazade." Essa ela já sufocara há algum tempo, sem deixar o hábito secreto de observar as pessoas que lhe eram personagens em potencial. Cada rosto, cada olhar eram guardados em alguma gaveta da memória...E o cavalheiro não percebeu ( ou será que sua fala era intencional, instigando-a?) que se tornaria parte da teia de palavras que ela voltaria a tecer, com cuidado, carinho e paixão.
Ele buscava uma "odalisca de olhar de Lua Nova" e ela, um cavalheiro ( ou semi-deus?) que a fizesse novamente pensar com acuidade. Ela o encontrou e poderia, por mil e uma noites, transformar em palavras tudo que gestou por longo tempo, em seu sonho de criar histórias...
Dizem que, na verdade, ela era uma odalisca, com alma de dama antiga e ele, um cavalheiro, com alma de sultão esclarecido.
Por onde andam? No reino encantado das palavras, onde todos os sonhos se realizam e o tempo não conta.

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